Mamonas Assassinas
Um dos maiores dilemas da música brasileira: aonde chegaria o Mamonas Assassinas não fosse o trágico acidente aéreo de 2 de março de 1996. A queda do avião acabou com as vidas de Dinho (Vocais), Samuel Reoli (Baixo e vocais), Julio Rasec (Teclados e vocais), Sérgio Reoli (Bateria e vocais) e Bento Hinoto (Guitarra, violão e vocais). O review deste texto é do álbum homônimo à banda.
Também colocou fim a uma das trajetórias mais meteóricas da música brasileira. O Mamonas Assassinas surgiu com uma velocidade estonteante e um rock inimaginável no meio dos anos 1990. Primeiro, a banda tentou tocar música séria como Utopia, mas não convenceu. Quando eles desistiram das letras mais sérias e migraram pra irreverência, explodiram.
O quinteto era disputado pelos principais programas de televisão brasileiros e onde aparecia, a audiência era maciça (trechinho do programa do Gugu no vídeo acima). Com entrevistas imprevisíveis e trajes espalhafatosos, o Mamonas conquistou o Brasil logo em seu primeiro disco.
Não era só irreverência, a música do Mamonas Assassinas era composta de um instrumental complexo. Músicos talentosos cantando letras inusitadas, que na maioria dos casos não fazia nenhum sentido - mas arrancavam boas risadas.
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Logo na abertura, vem 1406, sobre o dilema do homem que não tem dinheiro, mas que é cobrado para dar luxo a família (Money, que é good nois não have!). Na sequência, vem Vira-Vira sobre o padeiro Manuel, que é convidado para uma "tal suruba". Mas quem vai é sua mulher Maria. Talvez hoje, em tempos politicamente corretos, uma música dessa seja impensável. Mas naquela época, tocava em horário nobre. As crianças cantavam sem ter noção do que era uma suruba. E adoravam.
A terceira faixa é o maior sucesso da banda: Pelados em Santos (vídeo acima). O ritmo da música muda várias vezes mostrando como a banda era complexa em suas composições. Mas o que interessava mesmo à época era a declaração. Duvido que algum fã de Mamonas nunca tenha dito a uma mina que "seus cabelo é daora" ou que "seu corpo era um violão". A faixa imortalizou a Brasília amarela como um patrimônio brasileiro.
Chopis Centis fez o Brasil cantar que a alegria é fazer crediário nas Casas Bahia, sem um centavo de publicidade (peguem essa, publiposts), depois vem Jumento Celestino sobre as aventuras de um nordestino que migrou para o sudeste em busca de uma melhor condição de vida. Sem sucesso, ele volta para casa cheio de apelidos, "o mais bonito é cabeção". Sabão crá-crá e uma Arlinda mulher fecha o lado A deste clássico.
O pobre Dejair, traído pelo João do Caminhão, é a estrela de Bois don't Cry. Débil Mental tem uma letra em inglês que não faz nenhum sentido. Carregado de guitarras pesadas e com um vocal grosso de Dinho, a música mostra mais uma vez o talento instrumental da banda. Chegando ao fim, os maconheiros doidões tentaram roubar o feijão da banda em Sábado de Sol. E para fechar um pagodinho com Lá Vem o Alemão. Apesar da batidinha, o refrão mostra um rock dos bons.
O disco foi lançado em 1995 e colocou a banda em uma extensa agenda de compromissos, incluindo uma turnê internacional. Com o acidente em 1996, a banda sequer chegou a rascunhar o que seria seu segundo álbum. Por isso, fica a dúvida: como seria o Mamonas com mais tempo de carreira? Impossível dizer. Mas pelo que a banda fez, mesmo com apenas um álbum, é possível cravar como uma das maiores do nosso rock.
Confira as músicas do álbum
Lado A
1 - 1406 - 04:06
2 - Vira-vira - 02:21
3 - Pelados em Santos - 03:21
4 - Chopis Centis - 02:46
5 - Jumento Celestino - 02:37
6 - Sabão crá-crá - 04:11
7 - Uma Arlinda Mulher - 03:18
Lado B
1 - Cabeça de Bagre II - 02:25
2 - Mundo Animal - 03:49
3 - Robocop Gay - 02:58
4 - Bois Don't cry - 02:56
5 - Débil Mental - 03:04
6 - Sábado de sol - 00:59
7 - Lá vem o Alemão - 03:21
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